Uma nova nuvem de gafanhotos foi identificada no fim da tarde segunda-feira (20), na província de Formosa, ao norte da Argentina. Com isso, a América do Sul tem, até o momento, três nuvens de gafanhotos em atividade. A primeira nuvem permanecia na Argentina até domingo (19) enquanto a segunda estava a cerca de 100 km do Brasil.
De acordo com o Serviço Nacional de Segurança e Qualidade Alimentar (Senasa), inicialmente, acredita-va que era a mesma nuvem vista no Paraguai, mas, segundo o engenheiro agrônomo e chefe do Programa Nacional de Gafanhotos do Senasa, Hector Medina, técnicos confirmaram se tratar de uma terceira nuvem.
Ainda não há mais informações sobre as dimensões e movimentação do fenômeno, já que foi descoberto há pouco tempo.
Como a tendência natural é que a segunda nuvem passe pelo Brasil, o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola, no Rio Grande do Sul, já começou a elaborar um mapa das localizações de aeronaves agrícolas e quantas são entre a fronteira oeste do estado com a Argentina e o Uruguai.
O diretor do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas, Carlos Goulart, citou cuidados que agricultores devem tomar caso as plantações sejam atingidas pelos insetos, que são considerados pragas para a vegetação.
“Se vier, o que a gente torce para que não aconteça, é controle químico, e tanto a Secretaria de Agricultura do RS quanto a equipe do Ministério da Agricultura estão preparados e de prontidão para trabalhar coordenadamente”, assegurou.
Como funcionam nuvens de gafanhotos
À CNN, o engenheiro agrônomo Sinval Silveira Neto, especialista em praga de plantas, explicou como funciona a voo dos gafanhotos em nuvem.
“Por serem migrantes, as nuvens de gafanhotos têm como característica uma direção pré-estabelecida. Quando eles levantam voo em nuvens, têm sempre um alvo a ser atingido”, disse, acrescentando que a nuvem anterior estava mais direcionada para o sul da Argentina.
“Parece que, agora, essa direção está mais voltada para a direção sul do nosso país, o que começa a trazer um pouco mais de preocupação, mas é uma nuvem que precisa ser monitorada, como o Ministério já vem fazendo, porque, para ser controlada, precisa ser acompanhada para sabermos o ponto de pouso. Se ela está direcionada mais para a região sul do país, começa a preocupar”, acrescentou.
Silveira Neto também pontuou que as baixas temperaturas que têm sido registradas no sul do país são boas para evitar a chegada dos insetos. “Para voar, eles precisam de uma temperatura mínima em torno de 20°C, então, quando esfria, eles cessam o voo. Com a frente fria, a chance de ataque de gafanhotos diminui bastante. Ventos muito fortes também reduzem o voo”, assegurou.
(Edição: Leonardo Lellis)