Médicos na cidade de Lucknow, na Índia, se depararam com uma situação bastante delicada: um paciente que, por uma condição rara, desenvolveu uma espécie de “casca de ovo” ao redor de seu testículo.
O homem, de 80 anos, chegou até o hospital da King George’s Medical University reclamando de sangue na urina e o que pareciam ser sintomas de uma simples infecção urinária. Mas um rápido exame físico revelou que um dos seus testículos — o direito — estava muito duro ao toque.
Os médicos então encaminharam o idoso para uma tomografia computadorizada. As imagens mostraram que o testículo estava envolvido em fluido, um quadro chamado de hidrocele. No entanto, o problema era ainda mais complexo, já que o líquido estava envolto em uma camada feita de cálcio — algo semelhante a uma casca de ovo.
Hidrocele e calcificação ao mesmo tempo é um quadro considerado raro. Os especialistas que descreveram o caso para o periódico BMJ Case Reports lembraram que o primeiro caso descrito na literatura médica data de 1935.
Neste caso específico, a calcificação foi uma reação do corpo após o acúmulo de fluidos na membrana que envolve os testículos. A hipótese levantada pela equipe médica é que esse inchaço tenha sido provocado por uma infecção causada por algum parasita do grupo dos Filarídeos, como a Wuchereria bancrofti — conhecida por causar filariose linfática, também conhecida como filária ou elefantíase.
A doença é transmitida por meio da picada de um mosquito hematófago do gênero Curlex, que deposita as larvas na corrente sanguínea. Estas ocupam os vasos linfáticos quando adultas, provocando danos à estrutura e grandes inchaços, principalmente nas pernas e nos órgãos genitais. É um tipo de infecção considerada endêmica na Índia e responsável por muitos casos de hidrocele no país.
Embora o tratamento para a infecção possa ser resolvido com medicamentos, os médicos alertam para o fato de que o quadro crônico, isto é, quando o parasita está há muito tempo nos vasos linfáticos, causando danos extensos, não pode ser curado com remédios.
Nesses casos, outras medidas possíveis são a cirurgia para retirada de fluido, cuidados com a pele e exercícios para melhorar a drenagem do edema.
Os médicos também reforçaram o alerta para que pessoas que vivem em áreas endêmicas para filariose linfática façam um tratamento preventivo para a doença anualmente, evitando o desenvolvimento de complicações.