
Amigos e familiares do capoeirista de 39 anos assassinado na vila de Itaúnas, na noite de sexta-feira (18), fizeram uma homenagem durante o sepultamento dele na tarde deste domingo (20), no cemitério de Santo Antônio, em Vitória.
O capoeirista Cuarassy Medeiros, foi morto com ao menos três disparos depois de uma briga com o músico Tiago Passos Viana. Os dois teriam começado a discutir em frente a um bar e o crime aconteceu dentro de uma pousada. O suspeito alega que agiu em legítima defesa. Ele prestou depoimento e foi liberado.
Cuarassy, ou Guará, como era conhecido pelos amigos, morava em Vitória, mas estava passando uma temporada em Itaúnas na casa de familiares.
Um grupo que acompanhou o velório e o enterro fez uma homenagem ao professor. Tocando berimbaus, eles cantaram músicas da capoeira e se despediram da vítima. Entre os presentes, o sentimento era de tristeza e revolta. A família pede justiça pela morte.
Discussão
Um vídeo registrado por uma testemunha mostra a discussão entre o capoeirista e o músico. Nas imagens, não é possível entender o motivo da briga.
Em certo momento, Cuarassy pede para que Tiago fique longe dele e o acusa de querer matar uma pessoa dentro do estabelecimento.
Logo depois, a vítima ataca o suspeito com um chute e um soco. O músico foge para dentro de uma pousada e o capoeirista vai atrás.
Assim que a vítima entra na pousada é possível escutar três disparos. Cuarassy morreu no local.
O primo da vítima, Leonardo Lucas Medeiros, diz que o vídeo mostra que Cuarassy tentou evitar a briga e que a família está inconformada com a liberação do suspeito.
“O vídeo mostra muito claro que ele pede para se afastar, que ele [suspeito] arrumava confusão na vila, que passou provocando que ia matar. Meu primo não deu uma garrafada nele. Ele entra para a pousada, meu primo foi atrás e a gente vê que não teve tempo de reação. Foram vários disparos contra o meu primo. A minha família quer justiça. A gente quer entender o porquê. Como ele descarrega a arma em uma pessoa assim? Meu primo tinha 39 anos, cheio de luz, trabalhava com criança. O coração está completamente destruído. Até nossa família consertar essa cicatriz vai demorar muito”, relata Leonardo.
Prisão
Depois da morte, o suspeito fugiu. Na manhã do dia seguinte, ele ligou para a polícia para se entregar e disse que foi o autor do crime. Tiago prestou depoimento na Delegacia de São Mateus no sábado (19) e foi liberado na sequência.
A Polícia Civil informou que o caso é investigado na Delegacia de Polícia de Conceição da Barra e esclareceu que a legislação brasileira estabelece que a prisão de suspeitos só deve ocorrer em situações de flagrante delito ou mediante mandado de prisão em aberto e o caso não se configurou nenhuma das duas situações.
O autor dos disparos alegou que agiu em legítima defesa. Procurado pelo G1, ele disse que o capoeirista tinha o agredido e, por isso, fugiu para dentro da pousada. O músico ainda relata que a vítima teria o perseguido e que atirou para se defender.
Segundo o suspeito, ele estaria armado porque estava recebendo ameaças de um morador. A Polícia Civil foi procurada para falar sobre a legalidade da arma e se ele tinha o porte dela, mas não respondeu até a publicação da reportagem.