O dia 1º de julho é uma data especial para Vila Pavão, quando o município comemora 32 anos de emancipação política.
Encravada no meio de lindas formações rochosas, a cidade está localizada a 268 km da capital Vitória, 29 km de Nova Venécia e 48 km de Barra de São Francisco. A área do seu território é de 435 km². Conta com a sede, onde está localizada a Prefeitura Municipal, os distritos de Praça Rica e Todos Santos, e os patrimônios de Todos os Anjos e Conceição do XV que juntos concentram as principais aglomerações urbanas.
Além da formidável paisagem natural, o aspecto hidrográfico chama a atenção com centenas de córregos e ainda os rios XV de Novembro e Cricaré, que proporcionam a formação de cachoeiras, lagos e represas e, também, delimitam a área geográfica do município
A força motriz da economia local é a agricultura, com um parque cafeeiro em franca expansão. A pecuária, a fruticultura e o extrativismo mineral também colaboram com o processo de desenvolvimento, impulsionando o comércio e gerando emprego e renda para a população.
No aspecto cultural, a cidade promove o resgate do orgulho de suas origens, sejam elas pomerana, italiana, afro-brasileira ou qualquer outra por meio de um intenso movimento cultural, cuja maior expressão é a Pomitafro, um dos maiores eventos culturais do Estado.
A emancipação
Emancipação significa o ato de tornar livre ou independente. Em Filosofia, a emancipação é a luta das minorias pelos seus direitos de igualdade ou pelos seus direitos políticos enquanto cidadãos.
A emancipação é um processo permanente, uma vez que tudo está em constante desenvolvimento.
Desde o início da década de 1980, lideranças influentes daquele tempo tentavam emancipar o então distrito de Córrego Grande, atual área territorial de Vila Pavão, porém, as iniciativas eram interrompidas por algum entrave.
Nessa época, o distrito de Córrego Grande encontrava-se em boa condição econômica, sobretudo pela produção das lavouras cafeeiras. Esse era um dos principais requisitos exigidos pela lei vigente da época que tratava sobre o assunto. Mas, o distrito não conseguia atingir a meta de 0005 (cinco milésimos) da arrecadação do Estado, alíquota exigida para o processo de emancipação ter andamento. Os outros itens exigidos eram: número de casas na sede, percentual de eleitores, não prejudicar o município mãe e plebiscito.
Detalhes
Por iniciativa do vereador Antônio Teixeira Maria, representante do distrito de Córrego Grande na Câmara Municipal de Nova Venécia, foi criado o Grupo Pró-EmanciPavão em 1988. O grupo composto por professores, pastores, padres, lideranças urbanas e rurais, estudantes, entre outros, se reunia todas as segundas-feiras para debater e encaminhar o tema.
No início, os encontros eram pouco representativos, no entanto, quando o grupo passou a debater outros temas e até realizar mutirões com intuito de consertar estradas e outras obras públicas, a participação melhorou.
O ponto crucial para atender a lei e levar adiante o sonho da emancipação era elevar a arrecadação do distrito, então, foi montada uma estratégia que consistiu em visitas a comerciantes, compradores de café e produtores rurais, a fim de conscientizá-los e orientá-los sobre a forma correta de emissão de nota fiscal. A ação surtiu efeito, e em pouco tempo, a arrecadação atingiu 0003 milésimos. Por sorte, a Assembleia Legislativa do Espírito Santo (ALES) havia mudado a alíquota de 0005 (cinco milésimos) para 0002.5 (milésimos); devido à mudança na lei, o processo prosseguiu, só faltando o plebiscito para a sua conclusão.
A Justiça Eleitoral marcou o plebiscito para o dia 1º de julho de 1990. Puxada pelo grupo EmanciPavão, uma grande campanha foi implementada.
Os contras
Como conta o pesquisador e um dos fundadores do Grupo EmanciPavão, Jorge Kuster Jacob, a emancipação política de Vila Pavão sofreu resistência de conservadores que incentivavam o voto contra das pessoas sobre pretexto de que a Vila perderia sua tranquilidade, teria muita fiscalização, entre outros boatos. Isso assustou alguns eleitores, mas a campanha prosseguiu com comícios na sede e nos principais vilarejos. Ao final, a vontade de maior parte da população prevaleceu e o distrito finalmente havia conseguido se separar do município mãe, Nova Venécia. Um fator determinante, segundo o pesquisador, para a efetivação da emancipação foi a atuação das igrejas, escolas e sindicatos.
No dia do plebiscito chovia muito e as estradas do interior estavam praticamente intransitáveis, o que impediu alguns de chegarem às urnas de votação, mas, de outra forma, motivou muitos a andar a pé, a cavalo ou de moto para votar. No final do dia, de um total de 3.837 eleitores, compareceram 2.290 eleitores – 1.547 não foram votar – 2.123 votaram “sim”, 108 votaram “não”, 23 anularam o voto e 27 votaram em branco. Estava praticamente decretada a criação do 68° município do Espírito Santo. Para o plebiscito foram montadas 18 setores de votação, o relatório de cada um deles encontra-se no arquivo histórico do pesquisador.
Nesse dia 1º de julho de 1990, uma grande festa coordenada pelo Grupo Pró-EmanciPavão entrou noite adentro.
1º de julho, dia da cidade
Geralmente o “dia do município” é escolhido no dia em que o governador do Estado sanciona a lei. Mas, por sugestão e argumentos do secretário de Educação e Cultura na época, Jorge Kuster Jacob, o prefeito Erno Júlio Dieter decretou o 1º de julho como o dia da cidade, uma vez que a população teve grande participação nesse importante ato de cidadania.
Com a emancipação de Vila Pavão, Nova Venécia perdeu 1.917 quilômetros de território (32% de sua área) e cerca de 30% da sua produção de café. Na época, a população estimada era de 12 mil habitantes.
A sanção do governador Max de Freitas Mauro foi em Praça Pública no dia 11 de janeiro de 1991. A primeira eleição foi realizada no dia 03 de outubro de 1992. Em 1º de janeiro de 1993, prefeito, vice-prefeito e vereadores foram empossados na varanda da Secretaria de Cultura (hoje) e Prefeitura Municipal (na época), imóvel adquirido do Sr. Emilio Berger (in memoriam), com recursos angariados de uma festa. Importante destacar que os recursos arrecadados não cobriram o valor do imóvel, mesmo assim, o Sr. Emilio Berger o repassou para o novo município.
União política
A união política é uma das marcas da atual gestão municipal. O prefeito da cidade, Uelikson Boone, o Bolinha, juntamente com a Câmara de Vereadores e equipe de governo, busca o alinhamento de todas forças políticas com o foco num projeto de desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida da população.
“Por acreditar que um ambiente de paz, integração e soma de esforços e ideias contribui muito para a captação de recursos nas esferas estadual e federal, com celeridade e eficiência na elaboração e execução de projetos, é que tenho liderado o projeto de crescimento e melhoria notável do nosso município, numa metodologia de respeitar as pessoas, as entidades e a sociedade civil organizada como um todo”, diz.
“Temos concluídas várias obras e angariado várias outras conquistas, como, por exemplo, a renovação da frota municipal de máquinas e veículos em 18 meses de gestão. Agora, vamos entrar numa fase de iniciar muitas obras estruturantes, como: construção de três escolas; unidade de saúde centro de referência do idoso; reforma do ginásio poliesportivo e do campo Bom de Bola; pavimentação de ruas na cidade; calçamento rural; pavimentação de trecho de estrada com Revisol e preparação da nova área de festas para a realização da 23ª Pomitafro. Isso tudo nos deixa muito felizes porque, em primeiro lugar, temos orgulho de ser pavoenses, e por termos conseguido avançar tanto em tão pouco tempo, com a soma de esforços de todos aqueles que querem um Vila Pavão melhor”, prosseguiu.
O prefeito encerrou parabenizando todos os pavoenses pela tão importante data.